Rio Guadiana na sua passagem por Mértola (Foto tirada por mim)
“O rio atinge os seus objectivos porque aprendeu a contornar os obstáculos”.
(Lao- Tsé)
Encontrei este poema de Alice Gomes que me pareceu apropriado a esta época do ano – o regresso às aulas. A sua leitura deixa-nos a pensar que é necessário “prender” as crianças à escola, prestando particular atenção às suas necessidades específicas e rever a estrutura dos programas de educação. Talvez assim se consiga ultrapassar lacunas e apostar em mudanças estruturais para conseguir uma educação de qualidade. Todos concordamos que é necessário superar o atraso na educação em Portugal e proporcionar às crianças e jovens um ambiente de aprendizagem motivador, exigente e gratificante.
Na idade dos porquês
Professor diz-me porquê?
Por que voa o papagaio
que solto no ar
que vejo voar
tão alto no vento
que o meu pensamento
não pode alcançar?
Professor diz-me porquê?
Por que roda o meu pião?
Ele não tem nenhuma roda
E roda gira rodopia
e cai morto no chão...
Tenho nove anos professor
e há tanto mistério à minha roda
que eu queria desvendar!
Por que é que o céu é azul?
Por que é que marulha o mar?
Porquê?
Tanto porquê que eu queria saber!
E tu que não me queres responder!
Tu falas falas professor
daquilo que te interessa
e que a mim não interessa.
Tu obrigas-me a ouvir
quando eu quero falar.
Obrigas-me a dizer
quando eu quero escutar.
Se eu vou a descobrir
Fazes-me decorar.
É a luta professor
a luta em vez de amor.
Eu sou uma criança.
Tu és mais alto
mais forte
mais poderoso.
E a minha lança
quebra-se de encontro à tua muralha.
Mas
enquanto a tua voz zangada ralha
tu sabes professor
eu fecho-me por dentro
faço uma cara resignada
e finjo
finjo que não penso em nada.
Mas penso.
Penso em como era engraçada
aquela rã
que esta manhã ouvi coaxar.
Que graça que tinha
aquela andorinha
que ontem à tarde vi passar!...
E quando tu depois vens definir
o que são conjunções
e preposições...
quando me fazes repetir
que os corações
têm duas aurículas e dois ventrículos
e tantas
tanta mais definições...
o meu coração
o meu coração que não sei como é feito
nem quero saber
cresce
cresce dentro do peito
a querer saltar cá para fora
professor
a ver se tu assim compreenderias
e me farias
mais belos os dias.
...
Alice Pereira Gomes, natural de Granjinha (Tabuaço), Pedagoga, estreou-se nas letras pelo final dos anos vinte, tendo organizado, em
Silogismo (sign. - raciocínio dedutivo)
Hoje em dia, os trabalhadores não têm tempo para nada.
Já os vagabundos... têm todo o tempo do mundo.
Tempo é dinheiro.
Logo, os vagabundos têm mais dinheiro do que os trabalhadores!!!
Será ???!!! Vamos mas é ao trabalho...
"O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário"
(Einstein)
Bom fim de semana ( ...e qualquer que seja a sua idade...divirta-se...)
Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.
Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.
Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.
Versos de Camões cantados por Zeca Afonso que foi também o autor da música
As férias estão mesmo a acabar. Agradeço as visitas que me fizeram durante esta ausência e espero que também tenham tido umas boas férias.
Depois de ter lido alguns comentários que me deixaram ao último artigo a que chamei DESPEDIDA, fiz uma pesquisa na net e cheguei à conclusão que este texto atribuído a Gabriel Garcia Marquez, que me tinham enviado por e-mail e que eu tinha achado muito bonito, na verdade, ao que parece, não é da sua autoria. Esta carta de despedida tem percorrido o mundo, através da Internet, desde 1999, não obstante o desmentido do próprio Gabriel Garcia Marquez, numa entrevista ao jornal espanhol El País, em que o escritor colombiano lamenta a repercussão deste texto, considerando-o de baixo nível literário. Os que conhecem bem a sua vida e obra parecem não ter dúvidas de que este texto não pode ser da sua autoria.
No entanto, este texto continua a circular, ainda hoje, na Internet e foi assim que chegou até à minha caixa de correio. Utilizando-o num artigo, aqui neste blog, porque o achei lindo e emocionante, contribuí para a continuação da sua divulgação. Por isso achei que devia “repor a verdade”.
Durante esta pesquisa encontrei uma declaração de Gabriel Garcia Marquez que alguém afirma ser autêntica. Não sei se corresponde à verdade mas, ainda assim, vou deixá-la aqui:
"Comecei a escrever por acaso, talvez só para mostrar a um amigo que a minha geração era capaz de produzir escritores. Depois caí na armadilha de continuar a escrever, por gosto. Aos doze anos estive quase a ser atropelado por uma bicicleta. Um padre que passava salvou-me com um grito: “Cuidado!” O ciclista caiu por terra. O padre, sem parar, disse-me: “Viu o poder da palavra?” Nesse dia eu soube.”
Caricatura de Gabriel Garcia Marquez (www.monkey-studio.com)
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